Esta é uma tentativa de contar a história da dor, da paz, do choro e também, da gratidão sobre a partida de um dos seres humanos mais impressionantes que conheci: Rafael. Ele era tão cheio de amor e de paixão… tinha um grande envolvimento com as pessoas, amava a vida, amava música e claro, uma boa comida.

Ele foi o único ser humano que conheci, incapaz de fazer mal a qualquer pessoa. Jamais foi capaz de ferir alguém. Para mim, ele era a verdadeira expressão do ser humano. A humanidade pôde ter nele um exemplo. Rafael foi a prova viva de que ser pleno e bom, é possível. Mas… Ele se foi… Já não está mais neste mundo. Contudo, se eu puder, viverei meus próximos dias tentando lembrar do mais espetacular ser humano com o qual já convivi. O mais lindo ser que nossa casa, nossa igreja e nossa comunidade, teve o privilégio de conviver… vendo, sentindo, amando e sendo amado por ele. Todos nós fomos alvo de seu amor incondicional, irrestrito, indiscriminado, extravagante e “imparável”… Sim, imparável, até o momento em que a morte o levou… Este também é um relato de como estamos, eu e Lucinha, dando nossos primeiros passos na experimentação dessa vivência — algumas vezes “sofrência” — malvada que é pisar num chão vazio da presença do filho amado.

É também o testemunho, o relato de como estamos lidando com as dores que ainda insistem em não se submeter ao lugar a elas reservado em nosso patrimônio de memória. Dores que ainda querem ocupar a casa toda, habitando em todos os corredores, cantos e encruzilhadas de nosso coração, ainda tão machucado.